História da Música em Cabo Verde: Ritmos que Marcam Gerações
Escrito por Redacção em 19 de Agosto de 2025
Introdução
A música é a alma de Cabo Verde. Mais do que entretenimento, os ritmos cabo-verdianos são reflexos da identidade, da luta e da alegria de um povo espalhado pelo mundo. Da morna melancólica ao funaná cheio de energia, a história musical do arquipélago mostra como tradição e modernidade podem caminhar juntas.
A morna: Património da Humanidade

A morna, considerada o género mais emblemático de Cabo Verde, é muitas vezes comparada ao fado português pela sua profundidade emocional. Com letras carregadas de sodade, fala de amor, saudade e da vida insular.
Em 2019, a morna foi reconhecida pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Grandes nomes como Cesária Évora, Bana e Ildo Lobo levaram a morna para os palcos internacionais.
Coladeira: a alegria em forma de música
Se a morna é introspectiva, a coladeira é pura celebração. Originada no século XX, mistura ritmos africanos com influências do Brasil e de Portugal.
As letras da coladeira costumam ser bem-humoradas, abordando temas sociais e histórias do quotidiano.
Hoje, artistas como Tito Paris e Mayra Andrade continuam a reinventar o género, mantendo-o vivo e moderno.
Funaná: do proibido à liberdade
Durante muitos anos, o funaná foi marginalizado e até proibido no período colonial, por ser visto como música de resistência.
Tocado tradicionalmente com gaita e ferrinho, o funaná era considerado “subversivo”.
Após a independência, ganhou força e transformou-se num símbolo de liberdade e identidade cultural.
Grupos como Bulimundo e Ferro Gaita ajudaram a popularizar o género dentro e fora de Cabo Verde.
Batuque: raízes africanas
O batuque é um dos ritmos mais antigos do arquipélago, com raízes profundas na herança africana.
Tradicionalmente, é protagonizado por mulheres que cantam e marcam o ritmo batendo nas pernas.
Muito mais do que música, o batuque é uma forma de resistência cultural e de afirmação feminina.
Hoje, jovens artistas como Lura têm contribuído para renovar e valorizar esse género.
Música moderna e fusões
A história da música cabo-verdiana também é feita de inovação. Nos últimos anos, géneros como a kizomba, o zouk e até fusões com o hip hop ganharam espaço, principalmente entre a juventude.
Artistas como Djodje, Nelson Freitas e Elji Beatzkilla representam a nova geração, levando a música de Cabo Verde para os palcos internacionais.
Essas fusões não apagam a tradição, mas mostram a capacidade do país de se reinventar e dialogar com o mundo.
Conclusão
A música em Cabo Verde é mais do que som – é memória, identidade e futuro. De ritmos ancestrais como o batuque até às novas fusões globais, cada género conta um pedaço da história do povo cabo-verdiano. Ao ouvir morna, coladeira, funaná ou batuque, não estamos apenas a apreciar música, mas a entrar no coração cultural de um arquipélago que transformou a sua condição insular numa ponte para o mundo.
