Paulino Vieira: perfil do “maestro” de Cabo Verde

Paulino Vieira: quem é o “maestro” de Cabo Verde

Paulino Vieira é um dos maiores nomes da música cabo-verdiana. Compositor, arranjador, produtor, cantor e multi-instrumentista, nasceu a 31 de agosto de 1956 na Praia Branca, ilha de São Nicolau. Para muitos, é o “maestro” que ajudou a definir o som moderno da morna e da coladeira, influenciando várias gerações de artistas.

Primeiros passos na música

Desde cedo, Paulino demonstrou talento para a música, aprendendo a tocar diversos instrumentos. Em 1974 , mudou-se para Lisboa a convite de Bana e Luís Morais , onde integrou a terceira geração do conjunto Voz de Cabo Verde .
Foi aí que começou a se destacar como tecladista e arranjador, se tornando peça fundamental nas gravações do grupo.

Carreira e contribuições

O trabalho de Paulino Vieira rapidamente ultrapassou fronteiras. Como arranjador e produtor, colaborou com alguns dos maiores nomes da música cabo-verdiana, entre eles Cesária Évora, em álbuns que ajudaram a projetar Cabo Verde para o mundo.

Entre as suas obras mais conhecidas estão:

• “M’cria Ser Poeta” (1980), uma de suas composições mais emblemáticas;

• “Um Minute d’Silence”, canção de forte carga emocional;

• Arranjos de referência em discos de Cesária, incluindo Mar Azul ;

• Participações em álbuns de artistas portugueses como Heróis do Mar e António Variações .

Além disso, foi responsável por projetos ambiciosos como a famosa rapsódia de mornas, que reuniu nomes históricos como Bana e Dany Silva.

Paulino Vieira: Estilo e influência

Paulino Vieira sempre acreditou que a música cabo-verdiana poderia dialogar com o mundo sem perder sua identidade. Em seus arranjos e produções, introduziu elementos do funk, soul, jazz e reggae, criando uma sonoridade inovadora que ficou conhecida como o “som cósmico” de Cabo Verde .

A sua visão ajudou a modernizar a morna e a coladeira, preservando a tradição mas abrindo espaço para novas leituras e fusões.

Relação de Paulino Vieira com Cesária Évora

A ligação entre Paulino Vieira e Cesária Évora é incontornável na história da música cabo-verdiana. Foi ele quem fez os arranjos de algumas de suas gravações mais marcantes, e muitos argumentam que ele teve um papel decisivo na projeção internacional da cantora.

O próprio Paulino já declarou que “desenhou” a carreira de Cesária, algo que gerou debate público, mas que confirma a sua importância como figura-chave da música do arquipélago.

Retornos e reconhecimento

Depois de alguns anos longe dos palcos, Paulino voltou em grande estilo em fevereiro de 2023 , com um show memorável no Centro Cultural de Belém (Lisboa) .
O show revisitou grandes momentos de sua carreira e provou que ele continua sendo uma das figuras mais respeitadas da música lusófona.

Legado

Falar de Paulino Vieira é falar da modernização da música cabo-verdiana. Sua versatilidade como músico e arranjador deixou uma marca profunda, tanto nas ilhas quanto na diáspora.

O seu legado vive não apenas nas composições e gravações, mas também na forma como abriu caminho para que a morna, a coladeira e outros ritmos de Cabo Verde dialogassem com o mundo, mantendo sempre a alma crioula.

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